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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Confesso!


Confesso,

Dentro de dias irei internar-me,

Irei reabilitar-me deste vício,

Deste malvado vício,

Que é escrever para vós...

E quando estiver curado,

Começarei tudo outra vez...

Pois sem partilhar as palavras,

Nada sou!...

 

Sírio de Andrade
 
 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Sírio de Andrade - Ponte



Rejo-me pelos sons de passos largos
Rejo-me pelo som das gotas de água
Pelo som dos travões do autocarro
Pela sirene dos bombeiros, da polícia
Pelos pregões da varina, do ardina
Pela buzina do táxi, os passos deles
Dos apressados sem rosto, sem vida
Corrida cega, sem visão periférica!

Rejo-me pelos ruídos do mundo
Rejo-me pelos sons do teto,
Deste lar, tão meu, tão de todos
Desta ponte que todos os dias cruzas
Ignorando que existe alguém vivendo
Apenas assim, só, marginalizado,
Debaixo dos teus apressados pés!

Sírio de Andrade®

In: Antologia Depressiva

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Sírio de Andrade - Corrida ao trabalho…

 
descem e sobem as escadas
apressados, corridos, rostos frios,
inertes, descontentes,
desumanamente fieis,
económico poder,
que os faz mover,
perdem, perdem-se,
perde-se a humana vida a viver!

Olhos que não veem
Mãos que não agem
orelhas que não ouvem,
fixos na chegada,
perdem, toda a humana
doce, singela, alegre, bela,
humana corrida
viver- viver apenas a vida!

Sírio de Andrade®
In: Antologia Depressiva
 

 

domingo, 8 de novembro de 2015

Solitário Acordar


Solitário acordar!
Perco-me, onde me encontro
Ignóbil vontade de um acordar solitário
Nada, em nada, nunca preparado
Solidão imposta, 
Sobreposta pela mera sobrevivência
A subserviência laboral
Arrasta teu corpo para fora do meu
Fico assim cansado no descanso
De estar só, na companhia
Do sentir decidido
De te amar fora de mim!

Sírio de Andrade®
In: Antologia depressiva

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Desfado!...



No fado a saudade,
Canto negro sofrido,
Tempo vivido do passado,
Gravado, gemido, chorado,
Alma lusa a ocidente,
Viagem negra pela gente,
Na crença de amor,
Onde vais? Arde em ciúme,
Na viela, outro queixume,
Mãe que chora a desgraça,
Duma filha devassa
Um pai morto no mar,
Saudade que corre no rosto,
Salgada lagrima,
No longo luar,
DE um final de Agosto….
 
Sírio de Andrade®
In: Antologia depressiva
 
 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sírio de Andrade - Eterno é o dia-a-dia...


Eterno é o dia-a-dia...
Dia, tarde, noite,
O amor é isso,
Um tempo sucessivo,
Continuamente interrompido,
Por um tudo ou nada pensado,
Desviado do propósito da vida,
Um trabalho, uma noticia,
E o amor, posto de lado,
Dobrado, amarrotado como revista,
Tudo passa, tudo finda,
Fica o amor, esquecido,
Agora lembrado,
Pegado, beijado,
Abraçado, revivido,
No fim apenas ele,
É eterno dia-a-dia!
 
Sírio de Andrade®
In: Antologia depressiva


 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Paz na navegação...



Rude noite ensaiada
Desvirtuado querer
Conquista desejada
Território ocupado
Parte, descobre
Tanta ilha desabitada
Inóspita dizes
Quem sabe a ser domada
Palmeiras hirtas
Desajeitadas
Sequiosas de corte.
 
Deixai, segui em frente
Outra ilha, outro continente
Nada há a conquistar
Que não esteja consumido…
 
Ó gente minha
De onde vindes vós
Não vos quedeis por aqui
Nem há abrigo
Nem água a limpar o pó…
 
Não cuideis desprotegido
Este forte que avistais
Pode parecer sozinho
Apenas a enganar as tais…
Não, não vos quedais por aqui
Aprendei, segui viagem,
Ide a outras paragens…
 
Sírio Andrade®
In: Antologia Depressiva
 

 


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Árida Solidão


Árida solidão
Sonhamos concomitantemente,
Prazeres infinitos, loucas noites,
Sexo sob a ocultação do luar,
Corremos saltando de corpo em corpo,
Desesperando sofrendo dorido,
Deixando atras coração partido,
E o sentir? O amanha quando partir?
Corpos descaídos, flácidos e macios,
Onde estão as amantes? Os amigos?
Só, tristemente só,
Mão que se agita no ar em desespero,
Só, sem que ninguém a segure,
Sem que alguém esteja lá…
Pensa hoje, semeias o amanhã!!!
Sírio Andrade®
In: Antologia Depressiva

 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Procuro sem saber...



Procuro sem saber…
Procuro luar em noite escura,
Sol que me aqueça as manhãs,
Indeciso girassol procurando os raios,
Uma espada sem bainha,
Um gatilho sem cão,
Procuro metade em tudo de mim,
Procuro, procuro-me assim,
Encontrar-me em alguém
Que me de significado,
Busco um saudoso fado,
Busco em ti saudades de mim,
Busco encontrar um jardim,
Onde repousar por fim,
Pouco ou nada que resta de mim!

Sírio Andrade®

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Talvez...



Talvez…


Talvez tenham perdido a mensagem...
Talvez...
Talvez tenham cumprido uma missão...
Talvez…
Talvez tivesse sido um sonho…
Talvez…
Um desabafo da alma, um fingimento
Um pseudo elevar de um ego distorcido
Uma prova, um teste a mim próprio,
Um meramente, um nada, num tudo palavra…




Talvez…
Nem se querer tenha começado,
Ou acabado seja lá o que for,
Talvez, não exista por nunca ter existido,
Por ter nascido de um pesadelo
De um outro louco poeta
Ou o louco seja eu próprio
Por me saber existir apenas na mente,
Ou desejo, ou na queda profana
De um marido doente de amor…




Talvez…
Talvez eu não seja nada,
E no nada que sou não posso morrer,
Sou eterno, ou não… um dia calo-me…
Só pelo prazer de me calar… sem ter nada a dizer
Sem ter nada a vos explicar…
Porque eu ainda tenho esse poder,
O poder de me calar, mesmo que não possa morrer!





In: Antologia Depressiva




domingo, 25 de outubro de 2015

Lembra-me de te esquecer...


Busco na sofrida solidão,
Procuro,
Sem realmente encontrar,
Musica,
Que me envolve no encanto,
Sedução,
Sou levado nas palavras,
Revolta,
Por te saber distante,
Saudade,
Por te saber perdida,
Esquecimento,
Tentativa desesperada,
Loucura,
Visão do teu corpo escultural,
Leviandade,
Saber que ainda és,
Paixão,
Adormecer nos braço de outro alguém,
Dicotomia,
Querer esquecer,
Na constante lembrança,
Que pertences ao passado,
Mas te fazes presente a cada hora!
Assim,
Te deixo partir,
Ficando apenas,
Esperando outro alguém,
Me ma faça lembrar,
Que já te esqueci!...
 
Sírio Andrade®
In: Antologia Depressiva

 

sábado, 24 de outubro de 2015

Voltas!...

Volteios nas palavras,
Troces e retorces,
Valendo tua verdade,
Nada mais importa
Nos retorcidos volteios,
Da imposição velada,
Do querer ver já gasto
Fechado portão onde
Constantemente procuras
Por meias verdades assumidas
Abalas todo o muro que a suporta
Fazendo pender de novo a corda
Enlaçada na figueira
Desperto os espíritos
Os fantasmas que este portão encerra
Soltos na noite que se abateu em mim!

Sírio Andrade®
In: Antologia Depressiva
 

 

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

deCiFREM-me




Decifrem-me

Tentam em vão decifrar-me,
Sou, não existindo, apenas sou,
Verbo, palavra, indiferente a gênero,
Indiferente, só, sentir, tristeza, depressão,
Ódio, conquista, perda, ou ser apenas,
Sou poeta, inconquistável, inacessível,
Sou mistério de vida, sou porquê,
Apenas já existia, já vivera, tudo
Ou o nada que escrevo…
Na plenitude de meu corpo,
Que hoje definhe desgastado
Pela idade dos verdes anos!

Deixem-me poetizar apenas,
A minha pobre alma de poeta!


In: Seduz-me
 
 
 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Noite!...

Nada na noite é eterno
Nem a vontade de te possuir
Apenas em mim
No sonho poético
De mim próprio
Onde te sonho,
Onde me apaixono
Pela vaga ilusão
Que sejas em mim
Não uma paixão
Mas carne em minha
Alma adormecida
Disforme e sofrida!
 
Sírio Andrade®
 
In: Antologia Depressiva
 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Queda da Razão!



Procuras acorrentado a queda,
Do ser ontem liberto,
Pétala caída em ti amado,
Amaldiçoado, esquecido tempo,
Chama que arde em ti na maré
Imenso luar que me cobre
Manto prateado desilusão
Uivo esquecido no ar
No surdo grito da paixão
Espinhos cravados
Que me rasgam a alma,
No tudo – um nada-
Que me acalma,
No aconchego do beijo
Assim me brindas
Na margem da aura
Que da tua alma
Ainda assim emana!
 
Sírio Andrade®
In: Antologia Depressiva
 

 


domingo, 18 de outubro de 2015

Amor invejado!

 
Assassinos do sentir,
Rasgam-me a carne no desejo,
Queimam, dilaceram, esquartejam,
Destroem toda a inocente paixão,
Assoberbada pela impulsão da carne,
Adagas, sabres, balas, disparadas palavras,
Frases apunhaladas na alta maré,
No exponencial da loucura do amor,
Arde a serotonina nas veias,
Destruição da vida em teu corpo,
Em teu imaculado e humano corpo,
Abandonas-me na vida, representação,
Fingimento da parte, que o todo me compõe,
Queima bombeado o ciúme nas veias,
Arrastado por invejas alheias,
Arrasto-me carregando-te comigo,
Já sem vida num amor assassinado,
Pelo querer esquizofrénico de um tesão,
Retratado nas quentes palavras,
Gritadas aos ventos, no querer,
Da alma esquartejada do poeta!

 
Sírio Andrade®
 
 
 
 
 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Negro despertar

 
Do sonho que desperto
Pesadelo da realidade
Queda ansiosa em mim
Dura consciência de ti
És e não existes no ser
Visão deturpada do querer
Asas quebradas não voam
Não se elevam, caem esquecidas
Agrilhoada em ti, desprezas-me
Como um ser disforme
Horrivelmente usável
Descartável, esquecível
Desprezivelmente violável
Desperto usado sem nome
Apenas uma noite, palavras
Foi bom, apenas foi
Passado, o presente não existe
O futuro, esse já foi esquecido!
Desperto e caio,
Na realidade
Que eu não sou
Não existo
Por não me saberes
Existir!
 
Sírio Andrade®
In: Antologia depressiva

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Miséria!...

A cada passo
tropeço 
caio
cegueira humana
que me tolhe
narcisista querer
olhar e não ver
que escolho
ignorar
irresponsabilidade
consciência
consumista
do meu prazer
de ter
sem dar
sem partilhar
amputo-me
da vã humanidade 
que ainda me resta
e escolho
apenas
olhar para o lado!

Sírio de Andrade®
In: Antologia Depressiva