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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Há textos que causam dores de cabeça?

As vezes me pergunto se é muito difícil para uma pessoa abster o ódio de sua escrita. 
Tenho lido textos muito inteligentes, falando de assuntos gerais, importantes em vários aspectos da humanidade, desde as teorias sobre sua origem e também dos dias e atuais e futuros, pois há sempre uma dedução para o futuro. 
Entretanto, por mais inteligente e "engajado" que seja um texto, é possível, sentir em muitos deles, a ira, a imposição do escritor. Impedindo assim que possamos tirar nossas conclusões, impedindo que seu texto cause o mais interessante: O emocional de cada um ao absorver o conteúdo.
As divergências são tratadas com ferro e fogo, e mesmo usando de uma caneta intelectual é possível detectar ainda em muitos escritores, uma certa forma primitiva em se expressar escondida atrás de palavras bem escritas.

J.Mendes


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

"Linchando" o tempo

Mais de cem anos se passaram e ainda não se concretizou o restabelecimento mediante a tirania que fora estabelecida há mais de trezentos anos e deixara descentes pré-dispostos à impedirem seu fim. Começando pelo não reconhecimento do fato da igualdade. Ainda incitando atitudes arcaicas entre os iguais e atuais. Uma grande cerco de marionetes inconscientes? Um método monstruoso que tem força para existir baseado em qualquer diferença atual? Um joguete psicológico. Quanto maiores as divisões, menores se tornam a possibilidade de um avanço contra este pingue pongue de diferenças.

J.Mendes 

P.S.: Abaixo um cópia da carta de William Lynch, escrita há cerca de 300 anos. Nela, Lynch menciona sua monstruosa tática psicológica para exercer o poder sobre as pessoas. Sobressaltando suas diferenças e jogando uma contra as outras baseadas nisso. Lynch usava as diferenças para causar caos. Certas vezes me pergunto? Saímos deste ciclo de TODAS as formas?




terça-feira, 6 de outubro de 2015

Despindo a tela

Que tipo de imagem estamos passando?
Ou seria de melhor colocação, que tipo de imagem queremos passar?
Depois de ter deixado, em parte, as redes sociais de lado, ou seja, digamos que eu esteja mais conectada com meu trabalho do que com pessoas.

Coisas patéticas vi  em redes sociais, como o fato de não ser verdadeira a manhã de um comercial de margarina que as pessoas insistem em passar que estão tendo.É claro que uma ou outra em certo momento sim, mas uma "legião"?

Exposição de onde e o que estão fazendo, e ainda com quem.

Sem contar as festas e eventos, sempre muita bebida e comentários positivos.
Não entendo como toda festa pode ser boa, principalmente as que envolvem muita bebida e pouca idade.

Postam animais com corações e "beijo no ombro" para os seres humanos.

Não que os animais não mereçam carinho, mais venhamos e convenhamos, ser amado e dar pouco amor é típico do ser humano, e nada como um animal de estimação para jogar as frustrações, e acredito que isso não vale  para muitos.

A impressão que tenho são de falsas imagens... Você estava de fato feliz ou só sorriu para a foto? Aquele evento foi mesmo como você postou?

Penso: "Quantas vidas perfeitas"

Ou seriam máquinas perfeitas escravizando as pessoas , fazendo com que as fora de ciclo de "felicidade sem motivo" sinta-se como um alienígena.

Imagino uma rede social em que as pessoas postem o que realmente estão sentindo, vivendo... Sem máscaras.
Talvez um dia eu tenha essa coragem...

J.Mendes


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Há tempos de desistir.

Quem não conhece as boas e, ao meu ponto de vista, reais palavras: " Para tudo existe um tempo certo"?
Pois bem, falando por mim, acredito que este "tudo" abranja o "parar". Um grande e antigo amigo, um ser humano muito iluminado, pois irradia paz. O mesmo me disse algo que, não me lembro bem das palavras, mas o conteúdo marcou. Algo sobre:

" Minha querida amiga, todos merecemos ser felizes e se algo ou alguém não esteja em harmonia com nosso coração, talvez esteja fora de nossa rota.

De cara não foi fácil, entender sim, mas por em prática?
Foi quando pensei: Que tal cansar? 
Cansar de procurar respostas para as coisas não estão em harmonia com o que você tem de bom, seja o que for?

É difícil ter uma problema sozinho (a), acredito... Há sempre algo ou alguém, até mesmo muito mais do que isso. Mas que saber?

Por mais que sua situação seja perturbante, se possível, tente pensar, até isso requer uma leve análise, não vá bancar o auto terapeuta! Apenas pense:
Vale a pena pensar sobre isso?
Sim... ( suponhamos), há coisas que exigem uma certa urgência de raciocínio, outras não e em algumas não estamos aptos a faze-lo.

Sentiu? Falou? Foi sincero (a)?
Errou? Desculpou-se? Reparou ou ao menos tentou?
Fez de tudo o que podia e não podia e mesmo assim continua a agonia?

Acredito que esteja na hora de cansar da agonia! Chega de martelar a mesma coisa. As pessoas tem reações que muitas vezes escondem seus motivos e não podemos realmente esperar que as mesmas ajam da forma que esperamos, familiares, amigos, relacionamentos em geral.

Chega de esperar algo das pessoas para ser feliz, acredite. Algumas pessoas nos veem de uma forma menor do que somos, não que sejamos inferiores e as mesmas soberbas, contudo, são elas mesmas.

Não responde? É porque não tem nada que queira  ou coragem para falar! Dependendo do relacionamento, tempo ao tempo ou esquecer. O que não dá realmente é ficar nesse ranço de sofrer!

Sofrer, cansa! Tá certo, a vida... O mundo está cheio de coisas que podem deixar energias negativas até para nossos descentes!  Mas podemos mudar isso.

Certa vez falei em revolução e fui mal interpretada. Na realidade eu falava de uma revolução, mental, interna e espiritual, A pessoa levou para o lado político e não deu muito certo ( normal hoje em dia). Mas esse assunto "política" não é comigo.

Algumas coisas simplesmente não vão para frente pois estamos jogando nossas expectativas de alegrias cotidianas em outra pessoa! Imaginem o poder que estamos dando a outrem e ou situação sobre nossa mente e cotidiano? O "encasquete"   é nosso!

Eu decide cansar de encasquetar. Andei ao longo dos meses, anos recentes, falando verdades entaladas e alguns absurdos, quanto aos absurdos, me desculpei com quem merecia.

Mas em todos fui eu, e tive a coragem de enfrentar, mesmo com os nervos abalados, de ser autêntica aos meus instintos... até as cabeçadas! Pois através delas creio  estou aprendendo que certas situações não merecem mais minhas dores de cabeça. 
Cuide de si.

J.Mendes

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"Ninguém pode voltar e fazer um novo começa, mas qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim" - Emmanuel / Chico Xavier

SEMI-HUMANOS

Era o que se podia chamar de um mundo pós-apocalíptico. Ela olhou para os lados e dera graças por encontrar os seus bens, tudo estava em completa ruína, os que mais amava estavam a salvos, agarrou-se a eles logo que percebeu que a gaiola em que havia sido mantida pelos fantasmas de suas mente estava tombada, amassada e longe dela. Finalmente estava livre! Aguentara firme tudo que via de lá, aos que antes amigos apontavam e dizia: "Saia covarde!"...  Esta baixava a cabeça e com um suspiro voltava a erguer os olhos aos céus na esperança que a ideia de abri-la lhe viesse a mente, visto que os que apontavam em nenhum momento se mostraram dispostos a lhe ajudar a achar a chave.
Os fantasmas montavam guarda dia e noite. 
Agora, depois de tudo, se via ao chão, recolhera aos que amava e os protegeu, estava tudo praticamente destruído, por trás de muros do que antes fora uma casa via as mesmas pessoas que antes apontavam sua gaiola se estapeando mentalmente. Nada restara, muitas fora da gaiola foram transformadas em algo que se podia chamar de "semi-humanos", estes não tinham mais um raciocínio próprio, em suas mentes foram implantadas idéias de que se fossem únicos em suas opiniões e gostos, teriam algum tipo de recompensa, era praticamente incompreensível, não notavam que foram modificados para destruírem uns aos outros. 
Estapeavam-se e se agarravam a restos de teorias de um mundo que sequer existia mais.
Agachou-se por trás do muro, de longe podia ver a  sua ex gaiola amassada. Olhou seu corpo ao verificar se faltava algo, alguns arranhões, dentes quebrados e várias contusões. Olhou mais uma vez aos que amava, estavam sãos e salvos. Em um pequeno aparelho ao seu lado, fragmentado e grande responsável por tamanha destruição, pegou-o rápido como quem rouba, o mesmo tinha poderes de destruir e assim o tinha feito, mas não fazia isso por si, isto era dependente das intenções do manuseador. Para sua sorte, ainda funcionava, e aos queridos que não conseguia ver pelo muro, conseguiu ver pelo pequeno aparelho que estavam bem, uma parte havia se transformado em  "semi-humanos", não ouviam, não era mais os mesmos, falavam de vestes, comidas, esportes, e tantas outras coisas enquanto brigavam por um pedaço de carne ou um analgésico para suas dores. Antes  de voltar a se abrigar ao muro procurou temerosa os fantasmas, aqueles que cercavam sua gaiola, estava livre delas, sobrevivera a uma situação em que conseguia ver muitas pessoas ainda dentro de suas gaiolas... Mortas.
Outros semi-humanos carregam gaiolas em suas cabeças e eram tão isentos de raciocínio que os fantasmas não se davam ao trabalho de assombrar uma mente vazia, ao contrário do que pensavam, fantasmas nunca gostaram de casas vazias, eles precisam de uma boa platéia e a mesma eram as mentes.
Notou que embora estivesse quebrada e estivesse fora da mesma, agora eles habitavam sua mente.
Sugaram seus sonhos.
Protegeu da melhor forma que podia os que amava, levantou-se e passou pelo muro, os "semi-humanos" não podiam vê-la, estavam mais perdidos em suas mentes vazias do que ela com uma legião de fantasmas na mente. Estes pesavam. Mais sobrevivera, e precisava seguir, os que amava e os que ainda não foram acometidos pela mutação ainda estavam lá e lhe era a base de consolo.
Precisa de um antídoto para a própria mente, precisa tornar o velho muro um lar novamente, e quem sabe, os semi-humanos poderiam provar do mesmo antídoto.
J.Mendes


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Dias cansativos

Como se pode ter tanto o que pensar e tão pouco para expressar? Pensamentos ligeiros fazem tudo parecer mais confuso em um simples dia cansativo. Neste dias costumo ir nua, despida de pessimismo, otimismo, ou até mesmo qualquer ideia formada ao núcleo da filosofia, sem aquela conversa de quem somos ou sequer de onde viemos.
Apenas o agora me interessa, não vou negar que uso o termo: "No meu tempo..." , mas posso garantir que isso apenas se tornou adorno de uma piada, pois os tempos são esses! Estamos no presente almejando o passado e maldizendo o futuro e sequer sabemos  o porquê. Passamos tempos indefinidos discutindo nossas origens, nossas diferenças sociais e falamos como profetas sobre um futuro mais unido sem sequer erguemos a mão.
Por que nos incomodamos tanto com o fato de nossas diferenças, como podemos ignorar o prazer que há nisso? Para quem queremos aparecer dentro de um contexto contraditório e caótico?

J.Mendes


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Carne Morta

A escuridão em sua persistência sorrateira...
Fiquem atentos!
Atentos aos tênues momentos em que as pequenas  fissuras se tornam nada mais que são.
Carne morta!

De frente ao reverso do espelho, solidão não define.
Há sua volta notam-se criaturas, cada qual em suas mais variadas versões de reversos.
Umas se arrastam entre cédulas e moedas procurando o que o desespero lhes aponta.
Falta um pedaço de mim!
Tal grito, mesmo estando ora ou outra em tal ausência de viver e reações diversas,
Assusta...
Uns ainda batem e esmurram o espelho
Outros sequer sabem onde estão
E sequer que são...
Muitos não veem uns aos outros

São iguais a mim!
Criaturas que  possuem  o outro lado do espelho na visão.
O desespero me jogou aqui...
Primeiro a velha condutora “Aielaféc”

Tais conduções têm sido mais frequentes
Roupas e escudos não entram
Seria apenas uma delicada e perigosa zona mental?

- NÃO ARROTAVÁS ALEGRIA HÁ POUCO?
A voz tão sem vida e tétrica quanto o ambiente não fora surpresa.
- INSANAMENTE ALEGRE?!
- Tal insanidade é a mesma que lhe traz o prazer de me ter em tua presença para que possas me sugar o que resta.
- O QUE TE FAZ FELIZ?
- Saber que sairei daqui.
- O QUE TE TRÁS?
- Você!
- ME CRIASTE!
- Jamais! Como eu poderia fazer isto?!
- VIVENDO DE FORMA ERRADA DO OUTRO LADO, AQUI NÃO ESTÃO RESPOSTAS ALGUMAS.
AQUI SÓ HÁ INCÓGNITAS... FRASES TROCADAS E NÃO HÁ RESOLUÇÃO PARA O QUE PROCURAM AQUI. POSSO DIZER QUE AQUI É O LUGAR DE TODOS QUE NÃO ENCONTRARAM RESPOSTAS.
- E o que procuro?
- JÁ LHE DISSE QUE NÃO OBTENHO RESPOSTAS! SOU APENAS O REFLEXO DE TODAS AS SUAS FRUSTAÇÕES E SOFRIMENTOS, EU SIMPLESMENTE ACONTECI NO MEU TEMPO E ALGO EM VOCÊ ME FAZ PRESENTE, E AQUI FICO ATÉ QUE ME CONECTE A VOCÊ.
- Quem é você?
- TUDO AQUILO QUE VOCÊ NÃO COMPREENDE E SUFOCAM MEDOS, AFLIÇÕES...
- Você me faz sentir como uma...
- CARNE MORTA!
- Exato, me deixe em paz!
- BASTA NÃO PROCURAR SUAS PERGUNTAS DESTE LADO...
- E a quem devo... ?

- CARNE VIVA.

J.Mendes



terça-feira, 29 de setembro de 2015

J. Mendes

J. Mendes
Hoje dei de falar de mim

Tinha apenas quatro anos quando aquele vendedor de livros ia a nossa porta, minha mãe não era grande leitora, mas gostava de bonitas enciclopédias enfeitando a estante da nossa sala. Certa vez ele mostrou a ela uma coleção infantil e eu logo me interessei. Ela acabou por adquirir os livros para que se reunissem aos outros que enfeitavam a prateleira. Esses livros eram diferentes dos outros, eram grandes, e em quatro, cada um de uma cor, rosa, azul, amarelo e verde, todos em tons pastéis.

Eu costumava passar minhas férias na casa de uma tia e lá minha madrinha me contava histórias antes de dormir. Quando voltei para casa pedi para que minha mãe lesse as histórias dos livros que havia comprado. Ela o fazia todas as noites. Pela manhã eu ficava intrigada, admirava as figuras e não conseguia entender aquelas letras.

Na época em que eu aprenderia a ler na escola, tive um acidente, aos cinco anos fui mordida por um cão da raça pastor alemão na perna esquerda e não podia andar para ir ao colégio, além das vacinas diárias antirrábicas que eu precisava tomar.

Claro que para uma criança, os dias ficam cinza, mas não me lembro disso, apenas de que minha mãe pediu alguns livros para minhas primas professoras e começou a me ensinar a ler.

Aos cinco anos eu já havia aprendido a ler e a escrever, claro, li e reli todos os contos daqueles livros infantis. Uma das coleções enciclopédicas era um dicionário divido em três volumes, daí peguei o hábito de abrir os dicionários em qualquer parte apenas para descobrir novas palavras, é claro que hoje, trinta e três anos depois não me lembro da maioria dessas palavras, eu costumava escolher as mais complicadas.

Aos oito anos notei que a terceira enciclopédia era um único volume sobre geografia e eu ficava fascinada com os mapas. A quarta eram quatro volumes sobre educação sexual para a família. Li os quatro volumes e não precisei contar com aquela conversa que os pais precisam ter com os filhos e os meus nunca tiveram comigo. Certa vez, meu padastro ia andando pela sala e se virou para minha mãe: "Você já reparou no que a Jacqueline está lendo?", com um ar reprovador. Minha mãe deu uma olhada e respondeu dando de ombros: "Ué, ela tem que aprender!". E ambos se calaram, para minha sorte em terminar minha leitura que me foi  muito educativa.

Meu primeiro livro foi o menino azul depois dos contos infantis e logo em seguida o inesquecível Jane Eyre.

Quando cheguei ao ensino fundamental peguei o péssimo hábito de ir parar com certa frequência na diretoria, raramente por bons motivos. A punição do diretor era mandar alunos rebeldes para a biblioteca. Mal sabia ele que estava me mandando ao paraíso, me tirando da sala e mandando ler, fato que não lhe passou despercebido logo de cara e com isso passou a me mandar copiar o que tinha nos livros, outra paixão minha, escrever no meu diário e cadernos de poesias. Bem, acabei ficando com pena do diretor e os dias na biblioteca me deixaram longe de encrencas. O que era castigo virou uma prazer e teve grande mudança em meu comportamento. Não que eu não lesse, mas passar aquelas horas lendo naquele lugar tranquilo e cheio de opções me transmitiram uma calma que eu não possuía.

Cinéfila e ouvinte assídua de rádio, em um programa desses que tocam aquelas músicas que nos faz sentir saudades até do que não existe, o locutor mencionou a tradução de "Vincent" de Don McLean e logo em seguida mencionou que devido a forte depressão o pintor decapou a própria orelha e dera a amada como presente, daí o auto-retrato em que ele aparece com um pano envolta do rosto. Achei a história muito comovente e ficando fã do autor comecei a matar as aulas de Técnicas agrícolas para ficar na biblioteca pesquisando sobre a vida de Vincent Van Gogh. Tenho amor por pinturas e desenhos, sendo até hoje Vincent e Monet meus prediletos.

Aos catorze anos cismei que algumas histórias das quais lia deviam terminar de forma diferente, eu lia para entrar em um mundo de personagens e tudo deveria estar em uma determinada ordem, quando o livro terminava, algumas vezes eu me decepcionava e pensava em um fim diferente, mas o que incentivou mesmo a escrita foi observar as pessoas ao meu redor, eu imaginava situações e pessoas totalmente diferente no lugar de tudo. Nisso escrevi a mão meu primeiro livro de noventa e seis páginas. Falava de um amor de dois melhores amigos pela mesma mulher que amava apenas um.
Meus leitores foram minhas amigas. Nunca publiquei uma obra a não ser na internet.

Muitos anos me mantiveram presa aos estudos e trabalho, com o tempo o trabalho tomou o lugar dos estudos, mas os filmes e livros sempre formaram minha trilha.

Há mais dez anos voltei a escrever, fui interrompida por forte depressão. Atualmente, tenho o tão desejado tempo para escrever um de meus livros em mente, mas um forte bloqueio fez com que eu me fechasse. Através da poesia consegui abrir uma janela para a luz entrar, então consegui voltar as prosas e crônicas. O que antes me era mais fácil, o bloqueio tornou quase impossível, quase!

Ou seja, ironia? Passo a vida inteira trabalhando para poder ter a oportunidade de trabalhar no que mais amo, escrever. E quando essa oportunidade aparece um bruta bloqueio trava todos os meus livros, em mentes, desfiz de alguns rascunhos. Mas a mente os guarda.

Para minha saúde, aceitei um repouso e dei com as portas da poesia, estou com com minhas postagens que se resumem a poesias, sonetos, poemas, prosas, contos e crônicas.

Agora me choquei com o bloqueio e comecei a escrever um de meus livros. Ainda mantenho o hábito de escrevê-los, primeiro, na máquina de escrever. É um livro com três contos e conta com aproximadamente trezentas páginas. São três estórias independentes mas tem como foco a mente humana.
Hoje dei de falar de mim.


J.Mendes



quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Mensageiros

Conheço e quero falar de mundos interessantes
os quais nos impede de sermos ignorantes
Tem mar de letras e céu de gravura
Ora, quem não sabe da Literatura?

Os livros são mensageiros de aventuras
e carregam consigo todas as culturas
Contam estórias de viagens ao mundo em um balão
e explicam porque as pessoas ficam em pé no japão

Tem histórias que foram feitas para a gente
quando uma ou outro não me parece coerente
pego mau lápis e faço diferente

Quando abro meu livro sem demora
seja sobre balões ou da escola
aprendo algo mais a cada hora.

J.Mendes



terça-feira, 22 de setembro de 2015

O Xale

Eles costumavam se encontrar diariamente. 
Ele, um homem gordo, calvo de meia idade, tinha feições europeias e usava um cavanhaque. 
Ela, uma mulher miúda, com cabelos compridos e castanhos que costumava esconder o corpo já pequeno dentro de um xale cor de areia; o medo era seu calcanhar de aquiles e aquele amigo juntamente com aquele xale transpassavam para ela uma espécie de escudo para o mundo.
Não costumavam dar nomes a esses encontros, apenas nada tinham de amantes. 
O xale a protegia dos olhos do mundo e ele a protegia com as respostas mais simples para os problemas mais complexos que ela lhe apresentava.
Durante dois anos se viam alguns minutos e conversavam sobre tudo, ele a escutava e depois ela fazia o mesmo.
Com o tempo ela se tornou uma mulher mais confiante, onde primeiro precisou exercitar todas as formas de relaxamento mental os quais ele havia lhe indicado. Ela não mais se importava se não era uma mulher deslumbrante fisicamente, e sequer por isso valia menos que as outras, ele lhe disse que se ela não aceitasse isto como fato para ela, ninguém mais o faria.
A paciência foi algo conquistado com muito apoio, ela se dizia desgasta, ambos se encaravam e falavam sobre isto até que ela descobrisse que ainda haviam forças em sua dispensa, as vezes, um descanso mental antes de algumas coisas lhe caíram bem.
O mais difícil, foi e até hoje acredito que esteja sendo o  medo que ela sente em sentir medo.
Mas foi adentrando, através da ajuda amiga, em sua mente que as coisas aconteciam, ou não, independente dela temê-las ou não. E temer  tudo só tornava a aparte agradável da vida inexistente. 
Talvez ela esteja começando a entender que as pessoas são o que são, assim como disse ele.
Talvez esteja começando a sacar que a precaução e o medo são de fatos úteis, quando não usados como escudo para encarar tudo que a vida poe a frente.
Ele lhe falou que o exterior é apenas um cartão de visitar, é no interior que se faz morada.
Ela assimilou isso de boa forma.
Sempre aquilo, a rotina, o abrir da porta, dar de cara com ele, conversarem e a porta se fechava dando fim a conversa.
Na última:
Ele: Acha mesmo que pode se livrar dele?
Ela: Sim, posso, e farei isso como um ser humano que sou.
Ele: Como chegou a essa conclusão?
Ela: Quero deixar de apenas existir e também voltar a viver.
Ele: Isso ficou claro desde o momento em que você mencionou a radical decisão.
Ela: Por que me dei conta que ele além de feio é inútil.
Ele: Com essa resposta, creio que cessam com mérito nossos incontáveis diálogos?
Ela: De fato.
Fechou mais uma vez a porta do armário do banheiro, só que desta vez viu seu rosto magro mais com vida. Abriu e fechou novamente e ao continuar se vendo sem a careca e o cavanhaque foi a procura do xale para se desfazer dele.



J.Mendes

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Sentidos

Poderia fazer tudo por ela,
sinto seu perfume e fico o
dia inteiro com o balançar
de seus cabelos em minha
realidade.

Poderia fazer tudo por ela,
sinto seu perfume em momentos
os quais ela não está, o que não
é fruto de uma mente plantada no
sentir e regada na paixão

Poderia fazer tudo por ela,
arrancar qualquer coisa que tirasse
aquele belo sorriso daquele rosto
tão frágil, tão mulher, tão linda...

Eu poderia fazer tudo por ela!
Se eu pudesse lhe contar tudo
o que sinto por trás desta tela.

J.Mendes


Estações

Vem apontando mais uma primavera
e meu sentimento frio ainda impera
Após ter me despido das folhas de outono
dos meus sentimento o verão fora dono

Ainda sim, chego nesta estação florida
trazendo a minha fria e escaldante ferida
Congelada com o poder de um vulcão
Ansiava que a dama floral me adornasse o coração

Carrego chagas, contudo, agarro minha gana
estar na vida pode ser um anagrama
Muito disto não posso assimilar
mas ainda posso sentir o aroma das estações ao passar

Estaciono a mente em pensamentos perdidos
entre as quatro estações dos arrependidos
E me iludo ao esperar que a estação das flores
venha a florir meus passados amores.



J.Mendes


sábado, 19 de setembro de 2015

Intriga

A poesia tirou férias
disse ao poema que haveria boêmia
disto formou-se intriga séria
o poema disse a poesia que não mais escrevia

A poesia fez uma prosa
o poema revidou em rimas
o soneto se intrometeu de forma garbosa
e o verso disse que não haveria brigas

A poesia fez da boêmia uma pintura
o poema esculpiu palavras místicas
o soneto contribuiu com formosura
A rima nem sempre se faz presente aos artistas

J.Mendes

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Devolva

Hoje deixei me vir tua imagem
logo desatentei da euforia
armei-me de toda coragem
sem perceber que partia a minha alegria

Tua presença que insiste em ser ausência
tal qual me fizeram, mas que queria, repensar
sem pestanejar você me jogou na carência
E por isso, homem bonito, não quero mais passar

Não posso negar meu arrependido paradeiro
ter declarado, tudo tão claro! Para você...
era momentâneo e ainda sim verdadeiro 
Eis que nem quisera saber

Não mais me entristece, disto não sabias
Contudo, devolva-me as palavras que falei
Simplesmente as tratou como palavras vazias
E isto eu nunca perdoei.

J.Mendes