Todas as Cartas de
Amor são Ridículas
Todas as cartas de
amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de
amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em
meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor,
se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que
nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Alvaro de Campos
Uma ridícula carta
Lisboa 01:15
07/08/2015
Cara amada musa
inspiradora do meu ser,
Se me perco na
certeza de poder cair no ridículo, que é escrever o amor que me move, pelo
esvoaçar dos teus cabelos pela manhã, talvez seja pelo ridículo de (calado)
nada dizer. Amada, quão raras vezes, se abriram meus lábios, por ridículo ser o
som obliquo dum Amo-te, fora de tempo, seria assim ridículo ser dito. Prefiro o
ridículo beijo ao acordar, despenteada, com os teus olhos de um ligeiro cinza
azulado, (qual praia pouco profunda de um paraíso tropical), semi cerrados, e
um eterno silêncio, por não gostares, de proferir as doces palavras, que a tua
voz emana.
Ridículo sou, por
decidir escrever por um amor crescente que me move a cada decisão, por desejar
continuamente contornar teu corpo, com a aspereza masculina do meu toque. Será
que ridículas são apenas as palavras? Que juntas formam cartas, ridículas deste
amor que me inunda? Ridículo, sou, pelo tempo que passa, que passou, sem que
ridículo deixasse de ser, escrevendo-te, e ridiculamente descrevendo e
desenhado o amor que sinto. Mas se são ridículas as cartas, talvez o ridículo
de mim, seja, continuar a ridiculamente amar-te, como a memoria que se perde no
tempo do primeiro dia em que te ridiculamente te amei!
(Todas as palavras
esdrúxulas,
Como os sentimentos
esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Alberto Cuddel
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