(fotografia: «Sea’s
Ghost», <http://triodante.deviantart.com/>)
No fim…
o que não escrevi…
Mora em
mim um outro eu
Uma
imensidão de eu´s
Cada um
deles, um eu pleno,
Um
poeta, um trabalhador,
Um
amigo, um escritor
Um
outro poeta, um marido
Um
egoísta, um umbigo…
Eu
próprio um amontoado de eu’s,
Um
homicida, um suicida,
Matando,
sequestrando cada eu…
Quantas
vezes?
Quantas
vezes me fecho em mim?
Infligindo-me
o sofrimento de ser apenas eu,
Ausentando
de mim, todos os outros eu que sou…
Sou,
sem nunca ter sido
o
reflexo de eu próprio,
ou o
reflexo de outro qualquer
nem nas
tontas palavras que escrevo
(sim
essas devassas a que chamam poesia.)
Não, as
minhas não são como as tuas,
Perfeitas
em si próprias,
Não
Régio, as tuas sim poema,
“-
"Sou como um grito de alarme
Sobre as tuas sonolências.
Preencho as tuas ausências
Com a presença de Deus...”
Indigno
de ser um mero teu aprendiz,
Como
ousas do além, chamar-me petiz?
Ninguém
me ouve
Não
falo, não grito
Não
leio o que escrevo
Por
vergonha, por medo,
Quem me
escutaria?
Abro e
fecho as portas da memória
Das
palavras sem historia,
Dos
desejos, dos beijos, dos amores,
Dos
ricos, dos mares, dos pobres,
Das
meras palavras ilusoriamente
Escritas
por uma retorcida mente,
Num
qualquer eu agora presente!
Mas eu,
na imensidão dos muitos eu’s,
Não sou
Pessoa, não sou vicente,
Sou um
ninguém, calado, gente…
Não sou
verdade,
Não sou
mentira,
Não sou
intriga,
Sou
apenas saudade,
Das
palavras que ainda
Vagueiam
na mente,
As
quais, nunca escrevi…
Alberto
Cuddel®
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