Ao segundo
olhar, nossos corpos estremeceram no louco desejo erótico de nos unirmos, no mais
animalesco ato de fidelidade sincronizada, dando forma, eliminando as barreiras
da linguagem, falando no silêncio dos gemidos do amor. Não somos maníacos, mas
a verdade exposta do nosso sentir é que nos desejávamos amar um no outro antes
mesmo de nos conhecermos.
O desejo
envergonhado desenhado no rubor nos nossos rostos adolescentes, as mãos húmidas
do nervosismo, um primeiro beijo em ti, senti, não vi, não viste, apenas o
sentimos, na alma, no estremecer dos nossos inocentes corpos…
Encontramo-nos
todos os dias no movimento ardente da palavra escrita, no desejo consumado na
ponta da caneta em brasa que se arrastava no papel, depósito de sonhos,
devaneios eróticos do nosso amor sonhado e confirmado a dois, nas respostas e
contra-respostas, da sedução do perfume do papel…
Para finalmente
nos encontrarmos, frente a frente, despidos de tudo, despidos do mundo, vazios,
apenas confirmados perante a testemunha divina que testemunhou e confirmou o
desejo de nos pertencermos. Encontramo-nos na noite onde nascem todas as
primaveras, onde todos pássaros cantam em coro a alvorada, como trompetas
anunciando a confirmação, a consumação de unir o desejo de nossas almas também no
corpo, revelando o mistério divino, confirmado na profecia bíblica e os dois
formarão uma só carne, um só espirito.
Em nós que nos
escolhemos amar, pelo menos até amanhã, confirmemos hoje, que ainda hoje nos
desejamos fazer uno o querer, no silêncio gemido que ecoa nas nossas almas desde
o dia em que nossos olhos pela segunda vez se beijaram.
Alberto Cuddel®
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