segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Prólogo do livro: Eu te amo, papai.

(Ofereço a vocês, o prólogo do livro "Eu te amo, papai", espero que gostem.)

Oi, papai...
Nossa história começou numa manhã de quinta-feira em 1775 numa tribo de índios guaranis. Não falarei dos acontecimentos de antes por não serem assim tão relevantes. É claro que há certa importância, mas o foco mesmo vem daquela manhã de quinta-feira...
Antes de a índia Lua Grande nascer, sua mãe Lua Branca tivera outra filha, Lua Pequena, que nascera com so pro no coração. Terra Forte, o pai de Lua Pequena, recebeu conselho do Pajé para sair em busca de uma flor branca chamada rosa. Ao encontrá-la, o pai de Lua Peque na teria que colher duas e trazê-las às mãos do Pajé para que ele pudesse fazer remédio com uma delas, para curar sua filha do mal que sofria, e a outra rosa o pajé ofereceria a Tupã, como forma de agradecimento pela graça alcançada.
Terra Forte saiu em busca da flor branca chamada rosa. Sua filhinha tinha apenas oito anos de vida, e ao ver
seu pai sair em busca de remédio para salvá-la, olhou bem nos olhos de Terra Forte e disse:
– Eu te amo, papai.
Depois de vários dias procurando, encontrou uma plantação enorme de rosas brancas e ficou fascinado ao
ver aquele enorme tapete de rosas. Colheu algumas, sob o olhar vigilante de Amarildo o capataz do fazendeiro Alberto, e voltou o mais rápido que pôde para sua tribo.Mas ao chegar teve uma surpresa, a notícia que o esperava não era nada agradável. Sua filha Lua Pequena morrera depois de um ataque no coração. Terra Forte ficou muito triste, não compreendendo o porquê de aquilo ter acontecido. Ele saíra em busca das rosas brancas para fazer remédio e ainda oferecer uma a Tupã, então por que o deus dos índios permitiu que sua filha morresse?
Terra Forte, com a alma magoada, deixou de acreditar na existência de Tupã. O Pajé, na tentativa de acalmar a alma revoltada de Terra Forte, prometeu a ele que pediria a Tupã que lhe desse outra filha, mas o tempo foi passando e nada dessa filha nascer. Nem mesmo os remédios receitados pelos espíritos das matas invocados pelo pajé funcionavam.Até que certo dia Lua Branca anunciou ao marido que
estava grávida. Terra Forte ficou muito feliz. Mas sua felicidade não durou mais que dois meses depois do
nascimento de Lua Grande.
O fazendeiro Alberto e seu capataz, acompanhados de mais oito homens, apareceram na tribo para cobrar o roubo que um índio cometera em sua fazenda de rosas. Terra Forte, se reconhecendo nas acusações do fazendeiro, acabou se apresentando e numa tentativa de se explicar ele disse que fizera aquilo para salvar a vida de sua filha e que também não sabia que as rosas tinham dono. Na sua inocência de índio, para Terra Forte,ninguém era dono da natureza.
– Índio ladrão!
Alberto atirou em Terra Forte e em seguida passou a atirar em todas as direções. Terra Forte morreu ali com um tiro no peito. Lua Branca também foi ferida e antes de morrer aproximou-se de Terra Forte e disse ao ouvido do marido já morto:
– Ainda vamos nos encontrar, meu amor!
Em seguida deitou sua cabeça no peito ensanguentado de Terra Forte para se encontrarem em outra vida muitos anos depois. O capataz, arrependido de ter denunciado o índio para seu patrão e sentindo o perigo que índios, ainda crianças, corriam naquele momento, resolveu agir contra os princípios de um homem de confiança do patrão. Ele pegou Lua Grande no colo e saiu a galope em meio a mata. Tiros passavam raspando seu corpo enquanto ele fugia com a criança nos braços. Cansado e não aguentando mais galopar, o capataz percebeu que fora ferido com um tiro nas costas. Sem saber o que fazer com aquela criança, pois se a deixasse no meio do mato ela poderia ser atacada por animais selvagens, rezou e pediu à Virgem Maria que o auxiliasse. Então, a única solução que lhe veio à mente foi a de por a criança dentro de um jacá que levava consigo sempre que galopava e deixá-la numa beira da estrada totalmente oposta ao caminho que provavelmente seu patrão tomaria. Possivelmente alguém passaria por ali e salvaria aquela indiozinha ainda bebê. Ele só não percebera que havia ali bem próximo uma enorme residência. Mais tarde, o capataz fora encontrado pelos homens de Alberto que o mataram a tiros pela traição e
por não revelar onde estava a criança.

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