Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já
Eu quero ouvir na laranjeira, a tarde
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro,
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
O país estrangeiro mais belezas,
Do que a pátria não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos,
Tão doces duma mãe!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria
O céu do meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, a tarde,
Cantar o sabiá!
Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!
E a nuvem cor de rosa que passava
Correndo lá do sul!
Quero dormir á sombra dos coqueiros
As folhas por dossel;
E ver apanho a borboleta branca
Que voa no vergel!
Quero sentar-me á beira do riacho,
Das tardes ao cair,
E sozinho cismando no crepúsculo
Os sonhos do porvir!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, a tarde,
Á voz do sabiá!
Quero morrer cercado dos perfumes
Dum clima tropical,
E sentir, expirando, as harmonias
Do meu berço natal!
Minha campa será entre as mangueiras
Banhada do luar,
E eu contente dormirei tranquilo
Á sombra do meu lar!
As cachoeiras chorarão sentidas
Porque cedo morri,
E eu sonho no sepulcro os meus amores
Na terra onde nasci!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Casimiro José Marques de Abreu, também romântico escreveu uma das variações da canção ao Brasil; Mais pessimista seu tom é dos lamentos chorosos que caracterizavam os jovens poetas entediados da metade do século XIX.
Por
Poeta do Sertão
em
26-07-2016
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