bradam infames discursos
e impropérios cavalares
frente a uma plateia espessa
composta por asnos cultos
e alguns ursos bipolares. . .
soam aplausos e vaias
bravos, urros e insultos
cobras, lagartos, lacraias. . .
organizados tumultos
eu . . . lacrimejo, bocejo
faço versos . . . me espreguiço
olho e finjo que não vejo
o espetáculo enfermiço
não bendigo nem praguejo
e observo . . . quase omisso
o trêmulo Palácio (tão sobejo)
acima do alicerce movediço . . .
é flácido o poder, é falso o viço
não vejo de esperança um só lampejo.
. .
a ordem deu lugar ao rebuliço
e o progresso afunda em nosso pejo
queria dizer basta e lacrimejo
bocejo quebrantado, herói mortiço
cansado . . . não lastimo nem festejo
como se não fizesse parte disso.
PAULO MIRANDA BARRETO
Este trabalho está licenciado com uma
Licença Creative Commons - Atribuição CompartilhaIgual 4.0 Internacional -.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário.