Diário-) Nome, pseudônimo, data de nascimento e Cidade
natal.
Roldan-) R.Roldan-Roldan, cidadão brasileiro, nascido na
Espanha, criado no Marrocos, formação francesa. Romancista, contista,
dramaturgo, poeta, pensador e articulista (seus artigos publicados num jornal
estão editados no blog www.davidhaize.wordpress.com). Autor de 31 livros
publicados fisicamente.
Diário-) Quando começou a escrever?
Roldan-) Comecei a escrever aos sete anos de idade.
Compulsivamente.
Diário-) Como encara a situação das Editoras em
relação aos livros digitais, acredita que todas se renderão ou fecharão as
portas por não poderem acompanhar as edições por conta própria?
Roldan-) Sempre haverá leitores de livros de papel, mas a tendência
e o futuro são os livros digitais.
Diário-) Tem obra(s) publicada(s)? Cite-a(s)
Roldan-) 31 livros publicados em papel. A obra inclui
romances, contos, teatro e poesia. Poderia mencionar os romances Litterata ou O Doce Sorriso do Macho
Satisfeito, Boa Viagem Sheherazade ou
A Balada dos Malditos e Rapsódia Para
Um viajante Solitário. No teatro, O
Ato – Foder É Vermelho e As Papoulas
de Constantinopla. Nos contos Juiz
Casado, com Filhos Procura Homem Para Sexo Casual e Ao Sul do Desejo. Na poesia,
Inidentidade (escrito em quatro línguas: portugês, inglês, espanhol e
francês) e A Dor da Identidade, Khayyam,
Tânger. E no epistolar, Cartas a um
filho em Coma. Estes livros estão
agora disponíveis para download na Amazon.
Diário-) Como encara a situação do escritor no Brasil?
Roldan-) Num país que não lê se comparado com outros, a situação
do escritor no Brasil só pode ser ruim.
Diário-) O que acha que deveria mudar nos planos de
cultura no Brasil?
Roldan-) Pouco ou nada pode se esperar de um país que não
prioriza a cultura, mesmo porque, no conceito do neoliberalismo e seu pragmatismo,
a cultura não dá lucro, portanto é algo que não interessa ao sistema vigente.
Diário-) Qual foi o livro nacional que mais marcou sua
vida?
Roldan-) Há vários livros nacionais que me marcaram. Poderia
citar Avalovara, de Osman Lins, Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães
Rosa.
Diário-) Acredita que os brasileiros estão perdendo o
hábito da leitura?
Roldan-) Sim, o brasileiro está perdendo o hábito da leitura.
É um longo processo de há décadas que vem se acentuando com o descaso do
sistema em relação à cultura de modo geral. Mas, obviamente, não podemos
esquecer que há um fator, a nível mundial, que é a expansão da cultura da
imagem, que acaba se desdobrando na crescente ausência de raciocínio. Em outras
palavras, cada vez existe menos espaço para pensar. Pede-se ao cidadão que
compre cultura barata, superficial, de fácil digestão e que a degluta
rapidamente para prosseguir com o consumo idiota e sem sentido. O seja, o
absurdo de consumir por consumir. Logo, a cultura de massa é lixo descartável
que não serve para nada, a não ser para alienar o consumidor. Qualquer escritor
sério, que se preze, vai rejeitar esses montes de best-sellers – e aí incluo os
famigerados livros de autoajuda – que assolam o mercado editorial e que não
acrescentam nada à inteligência.
Diário-) Além de escrever, pratica algum outro tipo de
arte?
Roldan-) Se não fosse escritor seria cineasta. Sou cinéfilo,
mas não filmo. Tenho uma verdadeira paixão pelo cinema. Mas certamente não por
aqueles blockbusters insuportáveis que parecem dirigidos a débeis mentais.
Diário-) Com qual livro você se presentearia hoje?
Roldan-) Com qualquer clássico. Desde os clássicos gregos aos
clássicos modernos.
Diário-) Cite três autores que gostaria de homenagear
Roldan-) Citarei três autores que admiro e que me marcaram:
Rimbaud, Khayyam e Nietzsche. Identifico-me
totalmente com o visionário francês, com o hedonista persa e com o niilista
alemão.
Diário-) O que acha dos jogos interativos? Acredita
que podem ajudar crianças a aprenderem a ter gosto por leitura logo cedo?
Roldan-) Sou bastante cético a respeito.
Diário-) Se fosse para reescrever uma obra já
consagrada, qual seria?
Roldan-) Das obras consagradas que amo não reescreveria
nenhuma, embora eu seja muito exigente. Todavia, é bom frisar que nem toda obra
consagrada é realmente uma grande obra. E isso ocorre em todas as manifestações
da arte em geral. Às vezes se convenciona consagrar uma obra que deixa a
desejar sob certos aspectos. Mas, por temor de parece ignorante, ninguém é
capaz de contestar a qualidade dessa obra.
Diário-) O que tem a dizer sobre a alfabetização de
adultos?
Roldan-) A alfabetização de adultos é louvável, mas o fato de
um cidadão saber escrever seu nome e ler (mal) não indica que o País tenha elevado
seu nível cultural.
Diário-) Fale em poucas linhas quem é R.Roldan. Roldan
Roldan-) Como sou um animal literário – ou um animal
intelectual, por assim dizer – apaixonado pela literatura, acho que a primeira
das três melhores coisas da vida é escrever. Como sou sanguíneo e voraz, acho
que a segunda melhor coisa da vida é copular. E como sou hedonista e gourmet,
acho que a terceira melhor coisa da vida é comer. O exercício da escrita me
proporciona um prazer que me eleva não só mentalmente, mas espiritualmente. O
sexo me faz sentir vivo e me torna mais generoso, humilde e tolerante. A
repressão sexual é uma violência contra o corpo e o espírito e é uma aberração.
E o alimento encerra o que considero a divina trindade do hedonismo.
Sou, por linhagem da qual me orgulho muito,
livre-pensador e libertário. E não tolero o achatamento do conhecimento humano
em nome da religião ou de qualquer doutrina política. O cidadão é livre e tem
por missão destruir tudo aquilo que atente contra sua liberdade. É de pasmar
como, durante séculos, a classe dominante, fosse civil ou religiosa, esmagou
todos aqueles que contestavam a verdade oficial, em nome da qual tudo o que a
ela se opunha era eliminado. Os exemplos históricos estão aí para prová-lo. E frisemos
que o homem honesto se atém apenas ao factual. Assim como um governo honesto
deve se ater só ao factual e disseminar o conceito de verdade provada entre
seus cidadãos. E para finalizar, é o suprassumo da ignorância achar que a
Razão, ou racionalismo, elimina a espiritualidade, que, diga-se de passagem,
pode ser laica.
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