sexta-feira, 11 de março de 2016

Entrevista - R. Roldan-Roldan


Diário-) Nome, pseudônimo, data de nascimento e Cidade natal.
Roldan-) R.Roldan-Roldan, cidadão brasileiro, nascido na Espanha, criado no Marrocos, formação francesa. Romancista, contista, dramaturgo, poeta, pensador e articulista (seus artigos publicados num jornal estão editados no blog www.davidhaize.wordpress.com). Autor de 31 livros publicados fisicamente.

Diário-) Quando começou a escrever?
Roldan-) Comecei a escrever aos sete anos de idade. Compulsivamente.

Diário-) Como encara a situação das Editoras em relação aos livros digitais, acredita que todas se renderão ou fecharão as portas por não poderem acompanhar as edições por conta própria?
Roldan-) Sempre haverá leitores de livros de papel, mas a tendência e o futuro são os livros digitais.

Diário-) Tem obra(s) publicada(s)? Cite-a(s)
Roldan-) 31 livros publicados em papel. A obra inclui romances, contos, teatro e poesia. Poderia mencionar os romances Litterata ou O Doce Sorriso do Macho Satisfeito, Boa Viagem Sheherazade ou A Balada dos Malditos e Rapsódia Para Um viajante Solitário. No teatro, O Ato – Foder É Vermelho e As Papoulas de Constantinopla. Nos contos Juiz Casado, com Filhos Procura Homem Para Sexo Casual e Ao Sul do Desejo. Na poesia, Inidentidade (escrito em quatro línguas: portugês, inglês, espanhol e francês) e A Dor da Identidade, Khayyam, Tânger. E no epistolar, Cartas a um filho em Coma. Estes livros estão agora disponíveis para download na Amazon.     

Diário-) Como encara a situação do escritor no Brasil?
Roldan-) Num país que não lê se comparado com outros, a situação do escritor no Brasil só pode ser ruim.

Diário-) O que acha que deveria mudar nos planos de cultura no Brasil?
Roldan-) Pouco ou nada pode se esperar de um país que não prioriza a cultura, mesmo porque, no conceito do neoliberalismo e seu pragmatismo, a cultura não dá lucro, portanto é algo que não interessa ao sistema vigente.

Diário-) Qual foi o livro nacional que mais marcou sua vida?
Roldan-) Há vários livros nacionais que me marcaram. Poderia citar Avalovara, de Osman Lins, Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Diário-) Acredita que os brasileiros estão perdendo o hábito da leitura?
Roldan-) Sim, o brasileiro está perdendo o hábito da leitura. É um longo processo de há décadas que vem se acentuando com o descaso do sistema em relação à cultura de modo geral. Mas, obviamente, não podemos esquecer que há um fator, a nível mundial, que é a expansão da cultura da imagem, que acaba se desdobrando na crescente ausência de raciocínio. Em outras palavras, cada vez existe menos espaço para pensar. Pede-se ao cidadão que compre cultura barata, superficial, de fácil digestão e que a degluta rapidamente para prosseguir com o consumo idiota e sem sentido. O seja, o absurdo de consumir por consumir. Logo, a cultura de massa é lixo descartável que não serve para nada, a não ser para alienar o consumidor. Qualquer escritor sério, que se preze, vai rejeitar esses montes de best-sellers – e aí incluo os famigerados livros de autoajuda – que assolam o mercado editorial e que não acrescentam nada à inteligência.    
  
Diário-) Além de escrever, pratica algum outro tipo de arte? 
Roldan-) Se não fosse escritor seria cineasta. Sou cinéfilo, mas não filmo. Tenho uma verdadeira paixão pelo cinema. Mas certamente não por aqueles blockbusters insuportáveis que parecem dirigidos a débeis mentais.

Diário-) Com qual livro você se presentearia hoje?
Roldan-) Com qualquer clássico. Desde os clássicos gregos aos clássicos modernos.

Diário-) Cite três autores que gostaria de homenagear
Roldan-) Citarei três autores que admiro e que me marcaram: Rimbaud, Khayyam e Nietzsche.  Identifico-me totalmente com o visionário francês, com o hedonista persa e com o niilista alemão. 

Diário-) O que acha dos jogos interativos? Acredita que podem ajudar crianças a aprenderem a ter gosto por leitura logo cedo?
Roldan-) Sou bastante cético a respeito.

Diário-) Se fosse para reescrever uma obra já consagrada, qual seria?
Roldan-) Das obras consagradas que amo não reescreveria nenhuma, embora eu seja muito exigente. Todavia, é bom frisar que nem toda obra consagrada é realmente uma grande obra. E isso ocorre em todas as manifestações da arte em geral. Às vezes se convenciona consagrar uma obra que deixa a desejar sob certos aspectos. Mas, por temor de parece ignorante, ninguém é capaz de contestar a qualidade dessa obra.  

Diário-) O que tem a dizer sobre a alfabetização de adultos?
Roldan-) A alfabetização de adultos é louvável, mas o fato de um cidadão saber escrever seu nome e ler (mal) não indica que o País tenha elevado seu nível cultural.

Diário-) Fale em poucas linhas quem é R.Roldan. Roldan
Roldan-) Como sou um animal literário – ou um animal intelectual, por assim dizer – apaixonado pela literatura, acho que a primeira das três melhores coisas da vida é escrever. Como sou sanguíneo e voraz, acho que a segunda melhor coisa da vida é copular. E como sou hedonista e gourmet, acho que a terceira melhor coisa da vida é comer. O exercício da escrita me proporciona um prazer que me eleva não só mentalmente, mas espiritualmente. O sexo me faz sentir vivo e me torna mais generoso, humilde e tolerante. A repressão sexual é uma violência contra o corpo e o espírito e é uma aberração. E o alimento encerra o que considero a divina trindade do hedonismo.

Sou, por linhagem da qual me orgulho muito, livre-pensador e libertário. E não tolero o achatamento do conhecimento humano em nome da religião ou de qualquer doutrina política. O cidadão é livre e tem por missão destruir tudo aquilo que atente contra sua liberdade. É de pasmar como, durante séculos, a classe dominante, fosse civil ou religiosa, esmagou todos aqueles que contestavam a verdade oficial, em nome da qual tudo o que a ela se opunha era eliminado. Os exemplos históricos estão aí para prová-lo. E frisemos que o homem honesto se atém apenas ao factual. Assim como um governo honesto deve se ater só ao factual e disseminar o conceito de verdade provada entre seus cidadãos. E para finalizar, é o suprassumo da ignorância achar que a Razão, ou racionalismo, elimina a espiritualidade, que, diga-se de passagem, pode ser laica.         


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