domingo, 18 de outubro de 2015

SER ESCRITOR: LENDAS E REALIDADE.

Existe uma crença praticamente generalizada de que o escritor nasce feito, ou é um ser paranormal que psicografa histórias alheias. Infelizmente devo contar aqui que isto não é verdade para a maioria dos escritores. eu que o diga!
Até alguns anos atrás o único gênero ao qual eu tinha coragem de me aventurar era a poesia. Desde pequena tive facilidade para escrever poemas, me expressar através deles. Devo esclarecer que nem todas as poesias que escrevi foram obras primas, e que as que finalmente publiquei foram devidamente escolhidas - no primeiro livro - e editadas com carinho - no segundo.
Em 2010 criei meu primeiro blog, sob veementes pedidos de minha irmã, e comecei a escrever. Juro a vocês, há muitos escritos do início do blog que não recomendo a ninguém, seja pela falta de foco no texto, seja pela falta de lapidação do mesmo.
No final do ano de 2012 entrei em contato com as técnicas literárias. Naquela época já havia criado coragem para escrever crônicas, contos, prosa poética em meu blog. Mas percebia que eu precisava mais, mesmo com o primeiro livro publicado, para saber-me escritora. E acabei ganhando uma bolsa para meu primeiro curso de técnicas literárias, com um consultor maravilhoso. Dali saí com um livro infantil, que será publicado no início de 2016.
De janeiro de 2013 para cá venho estudando técnicas literárias, e meus textos nunca mais foram os mesmos. Ganharam foco, concisão, objetividade. Mas também ganharam mais cor, brilho, proximidade com o leitor.
Escritor que diz que não precisa agradar a um público leitor pode escrever para si mesmo e depois queimar as folhas. Escritor de verdade quer mesmo é ser lido, aplaudido, reconhecido por sua capacidade de alcançar o olhar e o coração dos leitores.
Escritor que escreve vomitando dicionário também não faz o meu estilo. Se eu não estiver escrevendo uma tese de mestrado ou doutorado não preciso usar termos difíceis. Para que, me digam? somente para parecer mais inteligente aos olhos de quem lê? Ou para ser louvado e paramentado em academias de letras , onde um prestigia o outro num festim interminável, e o livro não sai das 100 cópias vendidas? obrigada.
Escritor precisa escrever o que sua alma pede, mas não pode desviar sua atenção do seu público, Querendo ou não livro é um bem de consumo, e tem que ser agradável aos olhos e mentes de quem o consome. Soa muito capitalista o discurso? Pasmem, escritores também precisam viver, comer e ter um teto.
Minha recomendação a quem quer se intitular escritor é fazer um 'check-list' dos pré-requisitos básicos para tornar-se um:
- escrever num bom português, e não assassinar a língua pátria;
- escrevendo bem, não brincar com o leitor de "adivinhe o que significa esta palavra difícil aqui";
- conhecer minimamente uma estrutura de redação (aquelas que aprendíamos no colegial, recorda-se), para o texto ser coerente e ter começo, meio e fim;
- não ter vergonha de ir estudar técnicas de escrita literária para aprimorar seu ofício;
- ser humilde para aceitar críticas e sugestões para seus textos/livros;
- não evocar o "mimimi" básico de que não se publica autor nacional e blablablá. Autor bom é publicado, Autor medíocre não tem mercado.
Escrever, portanto, pode fazer do escritor uma lenda, mas com certeza, é um ofício que se faz com muito suor.

Ana Claudia Marques
meu livro no Pirmeiro Encontro de Leitores do Sertão Central, 2015

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